Saturday, February 24, 2007

[pt] Quais os paradigmas de serviços na proxima década?

Vivemos num mundo tecnologicamente fútil. Na rede global, isto é, Internet. A realidade de ontem é superada com soluções fáceis e mais baratas, que acrescentam comodidade, mas simultaneamente voltadas para o mercado doméstico, assentes no princípio do utilizador vulgar.
É importante que as empresas incorporem nos seus produtos novos factores:

  • não apenas diferenciadores,
  • mas que constituam per si um valor acrescentado para o mercado global
Dito de outra forma: os milhares de dispositivos novos, criados à medida de um nicho, terão de ter em conta o factor de massificação, ou seja, tendo em vista à partida a utilização generalizada.
Passo a exemplificar.
O email (correio electrónico) que surgiu nos anos 80 ainda continua vivo. A ideia foi simples, continua a ser simples, e a sua utilização é hoje em dia massificada. Mas se olharmos para os produtos comerciais que lucram desse conceito, não têm factores de verdadeira diferenciação.
Concretizando melhor: os leitores de email (MUA, Mail User Agent) hoje em dia contêm um numero de features (funcionalidades) francamente limitado. Comparando com a situação de há dez anos, vemos pouquissima evolução na forma como o email é utilizado, em grande parte devido a essa mesma lacuna. O que o Exchange mail server da Microsoft tornou possível nos anos 90 foi um passo de gigante: serviço de email, notícias, agenda / reuniões, partilhado, message recall, single-folder local and remote storage (aka pst), etc. Embora actualmente não haja concorrência em termos de features, o custo não é negligenciavel. A solução à portuguesa é... pirata: copiar e utilizar este serviço de forma não legal. Não cabem aqui as referências à legitimidade da Microsoft em relação a este software que não está, de forma alguma, incorporada nos sistemas operativos que também comercializa -- logo, as práticas anti-concorrenciais não se aplicam neste capítulo.
Voltando aos MUAs: os MUAs que usam HTTP (Webmail) como suporte, são ainda mais parcos nas funcionalidades oferecidas. Existem milhões de serviços (Yahoo-mail, gmail, entre outros) praticamente indeferenciáveis, grátis. Uma vez mais não vão mais longe: a autenticação é maioritariamente não protegida (nomeadamente nos sites disponíveis na net em Portugal), o espaço em disco é francamente limitado (porquê limites tão rígidos?), e o aspecto que considero mais significativo -- a protecção contra o Spam é praticamente inexistente. O botão Mark as Spam é um artefacto da idade da pedra, isto é, o Spam deve ser combativo pelos providers que gerem MTAs (Mail Transfer Agent) à cabeça, isto é, aquando a transação de recepção da mensagem é efectuada. Em termos técnicos é denominado avoiding Spam during SMTP transaction. O conceito é simples, mas a sua correcta aplicação e ajustamento implica custos não negligenciáveis, mas que constituirão um dos factores mais diferenciadores do serviço, a médio prazo.
Na realidade de cada um de nós: é-nos indiferente receber um email de trabalho ou pessoal para a mesma caixa de correio, porventura em diferentes pastas. Aqui está um aspecto esquecido: a consolidação de emails numa mesma conta. Se conhecem o fetchmail, sabem do que estou a falar; se usam o Outlook para consolidar diversas contas, também; mas um serviço integrado disponível em rede que conjugue estas funcionalidades: não conheço que se utilize actualmente com fins comerciais. A ferramenta que implementa as funcionalidades que descrevi brevemente, mas não é muito conhecida, é Openwebmail. É uma ferramenta feita em Perl que faz isto tudo de forma consistente. Aqui está mais um exemplo da falta de imaginação para resolver questões tão simples, que constituiriam uma mais valia para o fornecedor deste tipo de serviços.

Acho que o novo paradigma que iremos enfrentar em 2010 é o da consolidação de serviços. Passo a ilustrar com mais um exemplo. As mensagens de telemovel (SMS). O serviço móvel-net e net-móvel é actualmente distinto, separado, não integrado. O serviço 3G está para ficar e tem futuro garantido, mas é de certa forma desconfortável para os operadores de rede móvel, pois a generalização dos serviços VoIP / IP são concorrentes aos serviços clássicos GSM.